terça-feira, 23 de agosto de 2011

Flyslot - Os Formula 1

A Fly foi o fabricante que mais espantou os amantes dos modelos de Slot, quando surgiu capaz de uma irreprensível política, mas de duvidoso proveito dinâmico dos seus modelos. Explorados ao limite como se de modelos estáticos se tratassem, onde a exposição dos mais ínfimos pormenores, acabamento e decoração eram uma realidade, atreveram-se até a incorporar a localização do motor de acordo com a localização destes nos modelos reais. Essa correspondência aliada a uma duvidosa qualidade das borrachas dos seus pneus, transformavam-nos então em autênticas decepções. Valia-lhes contudo, a adopção do íman que funcionava como tábua de salvação.
Mas a Fly lá foi soberanamente sobrevivendo, através das suas boas reproduções e de uma política cativante para os coleccionadores, através de bonitos conjuntos ou séries limitadas que atingiam valores exorbitantes.
Deu-se o declínio do império, e com isso parecia mesmo que iríamos assistir ao desaparecimento da mais importante marca existente até àquela altura, muito por culpa do surgimento de outros fabricantes dotados de políticas mais viradas para a competição, mas ainda com a componente estética bem cotada.
Depois da reviravolta sofrida pela Fly com a sua extinção "provisória", este fabricante decidiu que cair, não era certamente o caminho escolhido e por isso, muito a pulso, temos vindo a assistir a um ténue processo de ressurreição. Para isto em muito tem contribuído a aposta na nova vaga de modelos de Formula 1 da era "Clássica", anos 70.
 O primeiro a surgir foi o interessante March 761, cuja exploração das decorações deve ter sido levada ao limite, à boa imagem da verdadeira Fly. Na verdade as suas produções fazem ainda parte de era Fly.
 O Williams FW07 foi a segunda produção dentro desta nova linha. Agora o seu fabrico vinha já com a tarimba da Flyslot. Alguma fuga aos princípios orientadores do primeiro modelo, mas no global, de igual interesse.
 O terceiro modelo, excluíndo-se é claro as inúmeras versões tanto do March como do Williams, foi o mais importante de todos os Lotus de todos os tempos. O bonito Lotus 78 com as cores da tabaqueira John Player Special. E a sua linha, à semelhança dos dois anteriores, também encanta.
 Poderemos acrescentar que qualquer deles nos apresenta conceitos de engenharia surpreendentes para uma escala que ainda por cima faz parte do capítulo dinâmico.
O March trouxe-nos como primeira inovação e depois seguido pelos restantes desta série, o conjunto do trem dianteiro direccional. Mas como nota de interesse, este trem encontra-se dotado de suspensão, conseguido através da adopção de molas, conforme pode ser observado na imagem de cima.

 A curiosidade associada ao Williams é um pouco mais complexa e poderemos mesmo acrescentar que se trata de um verdadeiro estudo  de engenharia. Com uma carroçaria que se estende até à extremidade traseira e de forma plana desde o início frontal dos seus flancos, a Flyslot gostaria e conseguiu ver esta reprodução não adulterada pela obrigatoriedade da existência da cremalheira. E conseguiu-o pela adopção de uma curiosa mas de duvidosa durabilidade, desmultiplicação de pinhão e cremalheira, associado a uma invulgar posição oblíqua do motor.

 Já o espanto que nos proporciona o Lotus, prende-se com a capacidade deste fabricante em conseguir encaixar toda a mecânica, motor incluído, num modelo tão baixo e estreito. Se nos lembrar-mos da reprodução do Audi Quattro, vemos que a Fly já nos vinha habituando a esta extraordinária capacidade.
Quanto ao trem dianteiro, tanto no Williams como no Lotus, perderam-se as molas, permanecendo no entanto o conjunto, livre no seu aparente trabalho de suspensão. A questão das rodas direccionais mantém-se comum aos três modelos.

 O March 761, é para mim um modelo com significado especial, pois para além de possuidor de uma linha que sempre me encantou, recebeu ao seu volante um dos meus ídolos da Formula 1, Ronnie Peterson. Foi também uma época em que esta marca brilhou na Formula 2, com modelos cuja linha muito se assemelhava a esta e recebiam nesse campeonato os motores de 2 litros da BMW, marca que já terá também dado para perceber, muito me agrada. Por essas razões, quando a Fly editou este modelo, foi para mim um dos grandes momentos enquanto coleccionador de Slot.
O seu chassis cumpre os preceitos tradicionais, incluindo o íman em posição interposta entre o motor e o eixo de tracção.

O Williams não tem para mim qualquer especial significado, para além da reprodução que considero de muito bom nível. Modelo dentro da linha dos "carros asa", apresenta-se como modelo de vulgares linhas e decoração também dentro do banal.
A encantar, encontra-se de facto a solução encontrada para não deformar a zona traseira da carroçaria, problema normalmente provocado pela exagerada dimensão das cremalheiras. Motor em posição angulada e uma desmultiplicação da relação, permitiram uma reprodução fiel desta secção do modelo.
Na imagem de baixo, dá para perceber a posição em que se encontra o motor. Além disso, este está à face do chassis, situação que não acontece nos outros dois modelos.

O recém chegado Lotus 78 denota algumas imprecisões, tanto de reprodução como de decoração. No bico frontal, deveria surgir a representação de um radiador, mas este não foi contemplado. A sua linha está bem conseguida mas o radiador não está lá.
O "eixo" da frente não consegue manter as rodas paralelas. Nuns modelos encontram-se fechadas e noutros, abertas. Um problema que poderá afectar o rendimento em termos de velocidade em recta.
A partir de imagens do modelo real, é observável que tanto nas derivas verticais do aileron traseiro como dos apêndices do aerofólio frontal, estes se encontram decorados. No Lotus de Slot, parece terem-se esquecido deste aspecto.
A Flyslot falhou também na decoração da parte que serve de tomada de ar para o motor, ao apresentar o conjunto composto por duas peças, onde uma delas surge pintada e a outra nem pintada está. Mas nenhuma delas se encontra envernizada, acabando por contrastar com o excelente aspecto da restante carroçaria. O mesmo acontece com os retrovisores que funcionam como acessórios suplementares.
Agora, aguardemos pela chegada já anunciada do Brabham BT49 com que Nelson Piquet soube bem tirar partido, conseguindo em 1981 o título mundial de pilotos, com as famosas suspensões hidropneumáticas.

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